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Dia dos Povos Indígenas: educação é fundamental contra estereótipos

Preconceito costuma ser reforçado em comemorações da data Marcelo Camargo/Agência Brasil Em julho do ano passado, a Lei 14.402/22 definiu 1...

Preconceito costuma ser reforçado em comemorações da data


Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em julho do ano passado, a Lei 14.402/22 definiu 19 de abril como o Dia dos Povos Indígenas – e não mais Dia do Índio –, para celebrar a cultura e herança desses povos. A medida, aprovada pelo Congresso Nacional, deixa de lado o termo índio, considerado preconceituoso contra os povos originários.

Para o coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinamam Tuxá, o preconceito acaba sendo reforçado com estereótipos que ainda persistem em comemorações e nos livros escolares.

"Várias escolas fantasiando; crianças, querem colocar os indígenas em um formato, dentro de uma caixinha. Indígena é aquele que mora dentro da floresta, que anda, tem vestimentas. Isso cria um cenário de um racismo porque essas crianças crescem na ideologia de um indígena do cabelo liso, dos olhos puxados, uma pele avermelhada. Nós passamos por um processo de miscigenação. Nós passamos por um processo de violência. Quantas mulheres indígenas não sofreram abusos sexuais? Tiveram a miscigenação forçada".

A existência dos povos indígenas é atravessada por séculos de violência. Para Dinamam Tuxá, essa violência persiste em forma de racismo, como resquício da colonização portuguesa.

"Processo de muita violência, de aculturação forçada, de retirada de língua, de abuso, de trazer os povos indígenas de forma forçada a uma realidade que não lhes pertence, de não demarcar os territórios indígenas, de não promover ações de políticas públicas que fomentem a cultura dos povos indígenas. Então todo esse cenário contribui ainda para que essa violência se propague dentro e fora das terras indígenas".

Criança indígena no Acampamento Terra Livre, em Brasília - Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil

Genocídio

O professor de História da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Fabrício Lyrio, reforça que a chegada dos portugueses trouxe uma série de violências contra os povos originários, o que resultou em genocídio. Enquanto 5 milhões de indígenas viviam no Brasil, em 1500, atualmente essa população não chega a 1 milhão.

"É, sobretudo, uma violência simbólica de demarcar uma presença em uma terra onde já havia outras pessoas vivendo. E essa violência tende a crescer. Tanto a violência intencional da guerra, da escravização, quanto a violência que não foi planejada, mas que teve um impacto absurdo sobre as populações nativas, a chegada de novas agentes infecciosos. Há uma dimensão de genocídio, não há dúvida".

Fabrício Lyrio lembra que, antes de imigrantes e pessoas do continente africano, os indígenas foram os primeiros escravizados pelos portugueses no Brasil. Segundo o especialista, os primeiros engenhos de açúcar no país foram montados com mão de obra indígena, em maior parte escravizada.

Em 1500, os portugueses que aqui chegaram acreditavam ter chegado às Índias. Por isso, deram nome de índios aos que aqui já viviam. Mas, o termo correto é indígena, que significa, no latim, natural do lugar em que vive.

Dia de reivindicações

Carla Severiano faz uma importante reflexão sobre o Dia do Índio, ressaltando que não é um dia para comemorações, mas para reconhecer direitos. Ela destaca a luta diária dos povos indígenas pelo direito à sua terra, cultura e forma de vida, em um contexto em que a sociedade e o meio ambiente sofrem com o desmatamento, a mineração ilegal e outras atividades que afetam os biomas e as condições de vida de todos.

"Devemos respeitar a demarcação dos territórios indígenas e ter cuidado com a natureza, de responsabilidade de todos. Os povos indígenas não são os únicos responsáveis pela preservação da floresta e dos rios, a destruição desses recursos afetará todos, independente de sua origem étnica ou social", destaca Carla Severiano.

Museu das  Culturas Indígenas de SP

O Museu das Culturas Indígenas, gerido em parceria com a comunidade indígena através do Conselho Indígena Aty Mirim, conta com sete andares e uma área total de 1.400m2, incluindo espaço para exposições, pesquisa, auditório e reserva técnica.

A curadoria das exposições fica a cargo de Tamikuã Txihi, Denilson Baniwa e Sandra Benites. O museu foi inaugurado em 29 de junho de 2022 e é parte do plano de expansão da rede museológica do governo estadual, que tem 24 equipamentos culturais.

PROGRAMAÇÃO

Abertura da Feira Indígena do MCI
19/04 a 23/04/2023, das 9h às 18h

Roda de Conversa: Povos Indígenas: Resistências e Diferenças
19/04/2023, das 14h às 15h30

Apresentação Cultural: Cantos de União e Re-Existência
19/04/2023, das 15h30 às 16h

Grafismos Indígenas no Edifício Sede do Museu das Culturas Indígenas: Espiritualidade, Memória e Artes - 19/04/2023, das 16h às 17h

Saiba mais sobre a programação clicando aqui.

Com informações de Sayonara Moreno – Repórter da Radio Nacional - Brasília
Edição: Paula de Castro/Pedro Lacerda/Denise Griesinger

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